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Naquela Noite

Publicado em abril 30, 2022 por J. R. King

– Júlia, você já beijou uma garota?

Quando Bianca me fez essa pergunta, eu já sabia onde iria parar. Parecia que tudo naquela noite estava se encaminhando para isso, e mesmo que eu não imaginasse que algo assim aconteceria até a noite passada, era o que estava acontecendo agora.

Eu e Bianca sempre fomos melhores amigas, do tipo inseparável, estudávamos na mesma escola desde o Jardim I e pretendíamos continuar estudando até a faculdade. Talvez dividíssemos um apartamento juntos ou algo do tipo. Eram os nossos planos desde a quinta série, mas durante a adolescência, parece que tudo ficou mais complicado.

Bianca nunca teve jeito com garotos, isso era claro nela. Tirando o meu primo, que me fez o favor de tirar o seu bv, eu nunca a vi com outro garoto, nunca a vi interessado em outro garoto. Durante muito tempo achei que era só o jeito dela, ela passava esse ar de garota solitária, que não ligava para paquera ou algo do tipo. Mas já há algum tempo eu desconfiava que isso poderia ser bem mais profundo do que eu imaginava.

Naquela noite, a gente estava na casa de Bianca. Costumávamos passar as sextas uma na casa da outra, apenas fofoca, brincando de algo ou assistindo algum filme. Naquela noite foi um filme, um filme bastante oportuno para ocasião. Bianca sempre foi uma garota bastante cinéfila que adorava trazer um monte de filmes para a gente assistir, filmes que eu nunca tinha ouvido falar. Naquela noite, ela trouxe um filme que disse que estava bastante animada para assistir, pois ele tinha ganhado a Palma de Ouro em Cannes naquele ano. Seu nome era Azul É A Cor Mais Quente.

Alguns já devem conhecer esse filme, outros, como eu, não sabia direito do que se tratava, mas disse para assistirmos mesmo assim. Bianca colocou o DVD para rodar e sentamos uma do lado da outra em sua cama. Já devia ser por volta das 10 da noite, os pais de Bianca já estavam dormindo. Acho que ela sabia que um filme desse era melhor de se assistir enquanto seus pais dormiam.

O filme então começou, retratando o romance de Adéle e Emma, duas garotas francesas que se apaixonam e vivem um romance cheio de altos e baixos. Não que eu nunca tenha visto um romance lésbico, mas a forma explícita que o filme retratava, em especial as cenas de sexo, mes fez ficar bastante impactada. Eu não sei descrever o que eu senti enquanto assistia, mas eu achei, de alguma forma, bonito o romance entre as duas.

Foi quando eu comecei a olhar mais para Bianca. Ela parecia estar vidrada no filme, como se estivesse hipnotizada. Ela estava com o seu corpo encostado no meu, roçando sua coxa na minha, e quando eu percebi, ela já estava com sua mão sobre a minha perna. Eu nunca achei errado esse seu jeito, mas naquela noite tudo parecia diferente. Foi então que Bianca se virou para mim e fez a sua pergunta:

 

– Júlia, você já beijou uma garota?

– Não.

– Você gostaria de beijar uma garota?

No momento eu gelei. Como disse, sabia aonde isso ia levar. Mas não sabia se eu queria ser levada para esse lugar. Eu nunca pensei a respeito, acho que nunca tive interesse em garotas. Mas Bianca era um caso especial. Nós tínhamos uma conexão única em nossas vidas. Era o tipo de amizade que se encontra apenas uma vez na vida. Eu contei para ela sobre a minha primeira menstruação, antes mesmo de contar para minha mãe. Ela sabia de tudo sobre a minha vida e eu sabia de tudo sobre a vida dela. Se havia uma mulher por quem eu pudesse me apaixonar, certamente seria ela. E para ser sincera, eu não sabia. Aquela resposta poderia mudar o curso da nossa amizade. Poderia levá-la a outro nível, mas poderia arruiná-la para sempre. Eu fiquei apreensiva, meu coração disparou e eu gaguejei na hora de responder.

– E-eu não sei.

As palavras acertaram Bianca, que parecia tão confusa quanto eu, em uma mistura de esperança e nervosismo. Ela então engoliu a saliva, e falou:

– E se a gente se beijasse, para você saber?

Eu não disse nada. Pois não havia nada a ser dito, tudo já parecia estar escrito. Assim que Bianca perguntou ela fechou os olhos, e devagar aproximou sua boca da minha, tão lentamente que deu tempo de pensar se eu faria isso mesmo ou não. O que aconteceria se eu recusasse? A nossa amizade poderia não ser mais a mesma. E se eu aceitasse? Certamente não seria mais a mesma também. De todos os jeitos, aquela noite mudaria a nossa amizade para sempre. Então, eu resolvi arriscar.

Os lábios de Bianca tocaram os meus, ela fez questão de sentir toda a minha boca em contato com a sua, antes de fazer qualquer outro movimento. Depois, senti sua língua entrando, e nesse momento foi que eu me entreguei por completo. Fechei os meus olhos e deixei acontecer. Segurei em seu rosto enquanto nos beijávamos. Há algumas horas eu jamais imaginaria estar fazendo isso, mas aqui estava eu, beijando minha melhor amiga.

Nos beijamos pelo o que parecia ser uma eternidade, mas foram apenas alguns segundos. Quando terminamos, Bianca tirou os seus lábios dos meus, tão lentamente quanto os colocou, e abriu os seus olhos. Seu rosto estava corado, deveria estar tão nervosa quanto eu para fazer aquilo. Tão nervosa que não conseguiu olhar em meus olhos quando tudo terminou. Ela passou a mão pelo cabelo, passando-o para trás da orelha.

– E então, você gostou? – Disse Bianca baixinho.

De repente, era como se tudo tivesse se acalmado. Depois de tudo, o beijo parecia tão banal quanto um abraço. Mas a verdade é que foi bom. Seus lábios eram macios e deliciosos. O sabor, o jeito de beijar, era tudo diferente de beijar um homem. De repente, eu me vi querendo mais, e eu sabia que Bianca também queria.

Então, coloquei minhas mãos em seu rosto novamente, fazendo seus olhos finalmente se encontrarem com os meus. E então a beijei novamente. Bianca suspirou antes de me beijar, deveria estar surpresa, talvez não achasse que a gente passaria de um simples beijo naquela noite. Mas se a gente iria mudar de vez a nossa amizade, então porque não chutar o balde logo.

O beijo se intensificou, puxei Bianca para mim e fui me deitando na sua cama. Com ela por cima de mim, os seios de Bianca pressionaram contra os meus. Bianca sempre teve seios bastante fartos, era algo que eu tinha inveja nela. Quando o clima foi esquentando, eu não vi mais motivos de porque não tê-los em minhas mãos. Foi quando eu abaixei minha mão direita de seu rosto, arrastando de leve meus dedos pelo seu pescoço, até chegar em seu seio esquerdo, que eu apertei carinhosamente, apenas para sentir sua maciez em minhas mãos.

De repente, Bianca começou a beijar o meu pescoço, o que fez eu virar minha cabeça para a televisão. No filme, Emma e Adele estavam também em uma cena de sexo, mais um das várias que esse filme possuía. Elas estavam completamente nuas, uma lambendo a boceta da outra. Era lindo elas se amando e eu pensei que era aquilo que eu queria naquela noite. Desci as minhas mãos para a bunda da Bianca, e já fui tirando o seu short, segurando direto em sua pele. Nesse momento, Bianca ficou um pouco surpresa, dando uma leve e deliciosa risadinha no pé do meu ouvido.

– Desculpa, eu não achei que a gente iria tão longe. – Bianca suspirou baixinho.

– Nem eu. – Respondi.

– Você quer ir mais longe?

Nós duas olhamos para a televisão, nós duas sabíamos o quão longe iríamos e queríamos chegar. Respondi que sim, e Bianca voltou a beijar o meu pescoço. Continuei apertando sua bunda em minhas mãos, enquanto os seus beijos foram descendo o meu corpo. Ela colocou suas mãos por debaixo da camisa do meu pijama, e como eu estava sem sutiã, logo ela encontrou os meus seios para apertar. Dei um leve suspiro ao sentir suas mãos nele. Apenas uma pessoa havia tocado neles até então, e era eu mesma, por isso senti uma sensação estranha, mas boa, quando outra pessoa os tocou.

Minha respiração ficou mais pesada, meu coração disparou. Bianca levantou minha blusa, revelando a ela os meus seios. Eles não eram muito grandes, perto dos da Bianca pareciam menores ainda, mas ela ainda assim quis beijá-los. no começo fez cócegas, mas depois fui relaxando, deixando que ela me guiasse.

Foi quando Bianca deslizou sua mão por dentro do meu shorts e tocou de vez em minha boceta. Ali eu percebi que aquilo era real e estava acontecendo. Senti seus dedos entre os meus lábios, tocando de leve o meu clitóris, me fazendo dar leves gemidos. Bianca tirou os seus dedos de lá, e olhou para eles, eles brilhavam na luz que vinha refletida na televisão, estavam levemente molhados. Bianca, então, passou sua língua entre os dedos.

– Você tem um gosto muito bom. – Ela disse.

– Obrigada, eu acho.

– Por que você não deixa eu te chupar?

Meu rosto esquentou, tamanho o meu nervosismo, mas disse que sim. Bianca foi se ajeitando sobre a cama, descendo o seu corpo até que ela estivesse com o seu rosto entre as minhas pernas. Ela tirou o meu shorts junto com a minha calcinha, mas eu coloquei o lençol por cima do meu corpo.

– Desculpa, é que eu estou com frio. – Disse para Bianca, pois havia coberto o seu rosto junto.

– Tá tudo bem, só me diga se está gostando. – Respondeu.

Eu não via Bianca, mas podia senti-la, primeiro ela beijou minhas coxas, um beijo suave e delicado, foi descendo até então chegar nos meus lábios. Ela deu um beijo, depois passou a língua, e então começou a passar a língua bem devagar sobre ela.

Eu só olhava para o teto, tentando relaxar e só sentir o seu toque. No começo fez cócegas, como quando ela beijou os meus seios. Depois começou a ficar mais e mais gostosa. Olhei para o filme, e agora Adele estava pintando Emma em um quadro, que já não estava mais com os seus cabelos azuis. Aparentemente perdi algo importante do filme, vou precisar ver de novo. Eu pensei comigo mesma. Fiquei assistindo o filme enquanto ela me chupava, e foi ficando cada vez mais delicioso. Eu nunca havia sido tocada assim antes, não sabia que poderia ser tão bom. Será que a gente viraria namoradas depois disso? Ou só teríamos uma amizade colorida? Ou será que vai ser só essa noite?

– Tá gostando? – Perguntou Bianca por debaixo dos lençóis, que me fez voltar a realidade depois de me perder por um segundo em meus pensamentos.

– Ãhn? Ah, estou sim. – Respondi

Bianca deu um sorrisinho e falou:

– Que bom, quer fazer em mim também?

– Não sei. Quer dizer, quero sim.

– Tá bom.

Bianca subiu o seu corpo e se deitou do meu lado, de costas para a televisão. Foi naquele momento que eu percebi o quão desconjuntada estava sendo aquilo para nós. Não sabíamos o que fazer direito, estávamos ambas nervosas. Mas nós duas queríamos isso e estava sendo muito prazeroso. Bianca me deu um outro beijo, apenas um selinho, mas que parecia significar o quanto ela se sentia confiante para fazer aquilo comigo. Ela sabia que eu não iria julgá-la, mesmo que tudo tivesse dado errado essa noite. Ela sabia que isso ainda seria o nosso segredo, se ela ainda não tivesse coragem para se assumir. Mas naquela noite, parecia só existir nós dois.

– Então, eu vou me virar e aí você faz em mim enquanto eu faço em você, tá bom? – Falou Bianca.

– Tá bom.

Foi o que ela fez, virou o seu corpo, colocando sua virilha próxima ao meu rosto, apoiei minha cabeça em uma de suas pernas e a outra por cima do meu rosto. Então, puxei pro lado a calcinha dela, revelando para mim sua boceta. Era bem diferente da minha, seus lábios eram mais carnudos e ela deixava os seus pelos crescer. Mesmo assim eu não liguei em colocar minha língua lá. Fui passando minha língua de leve entre os seus lábios. Havia um sabor doce e um pouco azedo ao mesmo tempo. Logo senti ela fazendo o mesmo comigo lá embaixo. Começamos então a nos chuparmos, Bianca começou a soltar leves gemidos, assim como eu. A gente tentava se controlar, não queríamos fazer barulho para acordar os pais de Bianca. Nem consigo imaginar o que eles fariam se nos pegassem nessa situação.

Com o tempo, foi ficando mais e mais delicioso, senti um arrepio que percorreu o meu corpo e minhas pernas ficando dormente. Na hora eu não percebi, mas eu estava gozando. Bianca continuou a me chupar depois disso, assim como eu continuei nela, mas não sei se ela gozou também. Depois de um tempo, acho que nós duas nos cansamos daquilo. Bianca se levantou e limpou o meu gozo do seu rosto com o seu antebraço. Ela se levantou e vestiu novamente sua roupa, como eu também me vesti.

No fim, deitamos nós duas na cama, de conchinha, com Bianca em meus braços e assistimos o final do filme em silêncio, pois não havia nada que precisasse ser dito. Depois disso, desligamos a televisão e dormimos juntas.

Eu pensei que nossa amizade jamais seria a mesma, e não foi de fato. Eu pensei que ela estaria arruinada depois daquela noite, mas na verdade isso não aconteceu. Nossa amizade permaneceu, e na verdade foi mais feliz que nunca. Em outras noites, também nos divertimos como naquela noite, exploramos nosso corpo e nossa sexualidade. Mas eu nunca quis nenhuma outra garota, apenas a Bianca. Eu gosto de dizer que eu sou uma garota hétero, mas que Bianca era minha exceção. Já Bianca, se assumiu a família no ano seguinte. Foi difícil para ela, como sempre é, mas eu a apoiei. Mas Bianca nunca se prendeu a mim, nem eu tinha o direito de pedir isso dela. Ela namorou outras garotas durante a escola e a faculdade, e agora, estamos há apenas algumas semanas de nos mudarmos para o nosso apartamento, como a gente sempre planejou que seria. Espero que essa amizade perdure para sempre, e que talvez a gente tenha outras noites de intimidade como naquela noite.

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